Procuram-se Soluções.
Nos dias que correm e, ante um falacioso
período pós-Troika pois, esta não nos
abandonou, nem tão cedo o fará, Portugal é um país na ruína. Centrando-nos no
mercado de trabalho apraz dizer que as taxas de desemprego são assustadoras
(mais de um milhão de desempregados número encapuçado pelas falsas e
manipuladas estatísticas), os salários e pensões miseráveis, os vínculos
flexíveis e precários e as jornadas laborais eternas tendo em conta artifícios
como o banco de horas e a drástica redução do pagamento de trabalho suplementar
que conduzem à escravização do trabalhador. Só no distrito de Castelo Branco o número de
desempregados são cerca de 15.000 (acima de 16%), sendo que este número é bem
maior uma vez que está adulterado pelos contratos de emprego-inserção e de
formação profissional. Menos de 40% dos desempregados recebem subsídio de
desemprego.
Dos três
anos de implementação das medidas do Memorando de Entendimento resultou a destruição
de mais de 400 mil postos de trabalho e a redução da população ativa face à
necessidade de emigração inclusive, dados recentes do Eurostat indicam que Portugal,
no corrente ano, perdeu 5% da população, face ao ano transato.
Não é
necessário ser-se economista para se compreender que os indicadores de
recuperação de uma economia são o consumo e as taxas de emprego. Não pode haver
qualquer dúvida em afirmar-se que, se se continuar na senda da austeridade,
será necessária pelo menos uma geração para que a economia portuguesa apresente
sinais de real recuperação e não apenas daquela falsa e demagógica recuperação
que apenas tem um propósito: a caça ao voto.
Portugal não produz e importa mais de 80%
do que consome, os portugueses cada vez têm menos poder de compra. As
questões às quais se tem de dar uma rápida resposta são: Como se recupera a
economia de um país que não produz? Como se incentiva o consumo?
Quanto à
primeira questão, parece que a solução passará, em primeiro lugar, pelo regresso
sustentado à agricultura que a UE destruiu em troca de “fundos” para
abandonar os campos; em segundo, pelo aproveitamento do melhor recurso
que temos ao nosso alcance: O mar, “enxotando” as ideologias imperialistas
de criação do Mar Europeu reerguendo a nossa frota piscatória; por fim,
acabar de vez com a delapidação do património público através das privatizações
que apenas acarretam a perda de capacidade de intervenção do Estado na
economia.
Quanto à
segunda questão, não se incentiva o consumo com cargas fiscais incomportáveis
e cortes salariais sobre salários já por si miseráveis mas precisamente com
políticas inversas de redução de impostos e de aumentos salariais.
Perdemos
o controlo da nossa moeda, perdemos a nossa soberania. Uma solução mais radical, a acrescer
às descritas e, na qual eu acredito piamente, passará pela saída de Portugal do euro. Retrocesso? Muitos dirão que sim.
Mas a verdade é que recuperamos o controlo da nossa moeda podendo
desvalorizá-la e aumentar a competitividade e as exportações; podemos
autofinanciar-nos recorrendo ao Banco de Portugal sem necessidade de contrair
empréstimos junto do setor privado da banca o que conduz à contenção de dívida
pública como consequência da não necessidade do pagamento de juros. Provável
resultado: período de dificuldades durante a primeira fase de transição
limitada temporalmente. No entanto, permanecer com a moeda única é seguir pactuando
com a subserviência à dívida.
Em suma, deve permitir-se a retomada do crescimento
português, sem esquecer que tal crescimento gera emprego, e que este mesmo
crescimento recuou desde a adesão de Portugal ao euro. Trata-se, portanto, de
romper um círculo de perversidade que apenas contribui para o aumento do
endividamento.
David Falcão
Texto publicado no
“Jornal do Fundão” de 20 de Agosto de 2015.
Os sublinhados e
destaques são da responsabilidade de “ RESISTÊNCIA.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário