Não falemos já da promessa de criação dos 150 mil novos empregos ou do «choque tecnológico». Falemos das promessas eleitorais de Sócrates e do PS na última campanha eleitoral e na apresentação do programa do actual governo. Em ambas as ocasiões se afirmou que os impostos não iriam aumentar; que os investimentos públicos, por serem vitais, prosseguiriam; que as prestações sociais (como o subsídio de desemprego) não sofreriam cortes… Agora, poucos meses transcorridos, OE/2010 com aprovação parlamentar assegurada, eis que Sócrates e o PS apresentam as linhas essenciais do «Plano de Estabilidade e Crescimento» (PEC) e se fica inequivocamente a perceber, mais uma vez, que todas as promessas recentes foram rasgadas uma a uma! As eleições legislativas de Setembro de 2009 foram, portanto, uma gigantesca fraude. E quem vai arrostar com a factura do PEC capaz de salvar o Capital vão ser, como de costume, os trabalhadores portugueses! Com efeito, a carga fiscal vai aumentar sobre quem trabalha, ao mesmo tempo que os salários se querem congelados; as prestações sociais vão diminuir (o subsídio de desemprego, por exemplo, vai ver diminuído o seu valor, bem o seu tempo de duração); as privatizações de sectores estratégicos (REN, CTT, ANA, etc.) vão em frente. Tudo a pretexto do combate ao défice e de “melhores dias” no futuro. E, é claro, Bruxelas aplaude e a OCDE também… Mais: esta verdadeira declaração de guerra ao povo trabalhador - atacando o défice quase em exclusivo pelo lado do aumento das receitas, ou seja, do assalto aos nossos bolsos - não assume qualquer perspectiva de desenvolvimento económico autónomo do país e de combate ao desemprego que não cessa de aumentar. Perante este quadro só duas alternativas se colocam: amochar ou lutar. Os que optarem pela primeira possibilidade ficarão despojados de tudo em curto espaço de tempo. Os que optarem pela luta manterão acesa a esperança de um futuro melhor. Todavia, para que estes últimos lutem convictos e possam arrastar consigo os primeiros é urgente abrir perspectivas, ganhar convicções. A presente situação reclama colocar já em perspectiva a futura realização de uma greve geral nacional contra o PEC e a política reaccionária do governo Sócrates. Mas todo o combate a encetar até chegar aí deve consubstanciar uma alternativa política sólida, pois só isso pode vir a transformar tal forma de luta na antecâmara da constituição de um governo capaz de servir o povo. E para tanto não há que calar que a crise só pode ser vencida em definitivo com o derrube do capital e seus lacaios! Há duas atitudes de classe face à crise e ao ataque agora desencadeado. A burguesia promete-nos o céu caso verguemos a espinha, inculcando nas massas a ideia de que lutar não vale a pena. A atitude operária, em contraponto, afirma a urgência de lutar, mas com base numa alternativa política clara. A demarcação, portanto, não se resume só entre lutar ou não lutar. Ora é precisamente essa alternativa política clara que, lado a lado com as massas, nos compete desde já colocar de pé. Esse é um dos objectivos do Colectivo que o Partido leva a efeito no próximo dia 21, em Lisboa. E importará ter presente o seguinte: as dificuldades porque passam os trabalhadores são grandes; mas as dificuldades (e o pânico) da burguesia na actual situação não são nada menores - como a prática vem demonstrando. Assim, ousemos ser audazes! EDITORIAL do LUTA POPULAR - Fevereiro/Março 2010 |
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domingo, 28 de março de 2010
Por uma alternativa política sólida.
Duas atitudes de classe face à crise.
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