terça-feira, 17 de agosto de 2010

Greve Geral Nacional - como instrumento de luta.

GREVE GERAL NACIONAL

É hoje absolutamente inegável que a situação política do nosso país se caracteriza por uma guerra social cada vez mais extremada entre a classe capitalista e as classes trabalhadoras. A crise do sistema capitalista, não cessando de se avolumar, é aproveitada pela classe dominante (em Portugal e não só) para fazer aumentar a exploração e a opressão sobre quem trabalha.

O nosso Partido previu tal situação logo à saída das eleições de 27 de Setembro de 2009; não só estimando uma clara agudização da luta de classes como também que o governo saído de tais eleições não duraria até ao fim da legislatura. Entretanto, todas as medidas e mais algumas iriam ser tomadas contra o povo.

O PCTP/MRPP, com efeito, foi o único partido a dizer claramente às massas o que aí vinha no horizonte imediato e a defender uma luta operária e popular firme pela denúncia, isolamento e derrube do governo (agora sem o suporte da maioria absoluta em termos parlamentares) do engº. Sócrates e do bloco central, ou seja, da direita. Uma tal luta tinha, mais tarde ou mais cedo, que passar pela organização e convocação de uma Greve Geral Nacional com aqueles objectivos políticos precisos.

O PEC e as medidas “adicionais” de austeridade, com tudo o que isso está já a comportar, deram total razão às apreciações feitas pelo nosso Partido. E a vida encarregou-se de provar que a unidade da burguesia para cair a pés juntos sobre o povo trabalhador, ainda que com uma ou outra questiúncula pelo meio, está em marcha, pelo que a necessidade de levar a cabo a Greve Geral Nacional contra a política do governo e pelo seu derrube se continua a impor como seu imprescindível contraponto político. Porém, os partidos da chamada “oposição” pensam e actuam de forma bem diversa daquela que realmente interessa aos operários e demais trabalhadores portugueses. Que PSD e CDS-PP o façam, que tais partidos se mancomunem com o governo do engº. Sócrates e as suas medidas reaccionárias eis algo que não é de estranhar. Mas que dizer da “esquerda”? Que dizer do BE e do P”C”P?

Tal como o PSD de Passos Coelho e o CDS-PP de Paulo Portas, o BE e o P”C”P apostam no desgaste de Sócrates e do PS e não querem eleições antecipadas, pelo menos para já. Assim sendo, logicamente que uma questão como a da Greve Geral Nacional constitui para esta gente uma coisa que algures se agita no ar, mas a qual não há a mais leve intenção de preparar e de concretizar a breve trecho. A verdade é que a táctica dos oportunistas que se reclamam da esquerda consiste em vir a angariar mais votos em futuras eleições, apostando tudo em “desgastar o governo”. E como? Pois bem, “desgastando-o” no Parlamento com «comissões de inquérito» e projectozinhos de lei (tudo no quadro da legalidade…); e também contrapondo “medidas alternativas” ao ataque desbragado que o governo está a fazer às chamadas prestações sociais, por exemplo… Não há qualquer apelo por parte destes senhores à luta das massas fora do quadro parlamentar ou do quadro da chamada «concertação social». BE e P”C”P - bem como, diga-se, a direcção da CGTP - comportam-se na prática, e numa situação de profunda crise, como meros «parceiros sociais»! E Sócrates agradece (tal como a União Europeia, o BCE e o FMI)...

Por este caminho é bom de ver onde vamos parar. É por isso que os operários e demais trabalhadores, os jovens, os desempregados, os reformados devem de viva voz defender a Greve Geral Nacional como o instrumento de luta que neste momento se impõe. E para que isso ocorra e ganhe consistência política, é claro que os comunistas não podem hesitar por um momento que seja no cumprimento das tarefas específicas que lhes cabem: desmascarar as medidas governamentais uma a uma; estar onde estão as massas em luta; propagandear as medidas que consubstanciam a forma operária de combater a crise e de a ultrapassar; incutir nas massas a ideologia proletária - sem a qual nenhum movimento verdadeiramente revolucionário pode eclodir.

Se fizermos tudo isto a Greve Geral Nacional não só terá forçosamente lugar, como a mesma abrirá à frente dos trabalhadores um novo campo de unidade e de luta. Então, nada será como dantes.

Ousemos lutar com inteligência e determinação!


Editorial do LUTA POPULAR , Junho/ Julho de 2010.

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