Se as grandes manifestações de 2 de Março passado demonstraram
cabalmente que existem na sociedade forças mais do que suficientes para
derrubar o governo de traição nacional PSD/CDS, nelas ficaram patentes também
as insuficiências políticas, organizativas, programáticas e ideológicas que é
preciso superar para impor aquele objectivo e construir uma alternativa a um
tal governo.
Impõe-se a existência de uma
firme direcção operária, de um reforço da organização dos trabalhadores, de
objectivos claros e de um programa que permita ultrapassar a crise e que
congregue, em torno de um governo democrático patriótico, todas as forças susceptíveis
de ser unidas numa batalha que é muito dura e que será certamente prolongada.
Esta situação exige dos
comunistas o cumprimento de tarefas de grande envergadura. O PCTP/MRPP tem uma
táctica correcta e clara para o presente momento político. É preciso promover
uma ampla divulgação e debate dessa táctica entre os operários e demais
trabalhadores. Se as nossas forças são limitadas em número, essa divulgação e
debate permitirão multiplicar tais forças e criar um poderoso movimento de
opinião e de acção, sem o qual nenhuma luta revolucionária pode desenvolver-se
e atingir os seus objectivos.
Em pequenos grupos ou em amplas
reuniões nas fábricas e locais de trabalho, em associações e colectividades, em
toda a parte é necessário promover o debate de ideias e perspectivas de solução
para a actual crise. Existe hoje uma avidez pela discussão política entre as
massas trabalhadoras, os jovens, os reformados e a intelectualidade
progressista. Os comunistas têm de estar neste movimento e influenciá-lo com as
suas posições e propostas.
Ninguém deve ser excluído do
debate de ideias. Todos os partidos, organizações e pessoas que se opõem à
tróica e ao governo PSD/CDS devem ser envolvidos nesse debate. É preciso
opormo-nos frontalmente e levar de vencida quaisquer tentativas de marginalizar
o PCTP/MRPP em realizações e iniciativas de massas. Todas as ideias devem poder
ser debatidas. As ideias correctas farão inevitavelmente o seu caminho.
O derrube do governo
Coelho/Portas está hoje claramente na ordem do dia. Mas é preciso combater
firmemente quaisquer ilusões de que o governo se demitirá ou será demitido pelo
presidente da República, bastando para tal manifestar descontentamento nas
ruas. O governo actual é um instrumento directo de potências e interesses
imperialistas e tem uma máquina de propaganda e de repressão que exige, da
parte dos operários e das massas trabalhadoras, uma férrea organização de
combate para a derrubar e vencer.
Por importante que esta seja, o
que verdadeiramente aterroriza as classes dominantes não é a revolta das
chamadas classes médias, mas é sim a força e a determinação dos operários e
trabalhadores que, nas fábricas e empresas, deram já provas de que, se dotados
de uma direcção firme e clarividente, derrubarão todos os obstáculos e inimigos.
O movimento grevista e sobretudo a greve geral nacional que paralise o país
pelo tempo que for necessário, é o principal meio para romper a resistência do
inimigo e mobilizar as forças necessárias para construir uma alternativa.
Uma nova greve geral, talvez com uma duração superior às
anteriores e apontando claramente o objectivo do derrube do governo, deve ser
urgentemente convocada pelas organizações de trabalhadores. A ocupação
permanente e massiva dos locais de trabalho, a imposição da vontade da maioria
contra quaisquer tentativas de furar a greve, a resistência firme a quaisquer
intentos repressivos das forças policiais e o debate e aprovação de moções e
propostas pelos trabalhadores em luta, são os meios indispensáveis para
garantir o êxito da greve geral e dos seus objectivos.
Também o próximo 1º de Maio
deve ser transformado numa memorável jornada de luta e de unidade pelos
objectivos revolucionários dos operários e trabalhadores. Todas as organizações
sindicais, comissões e órgãos da vontade dos trabalhadores devem ser associadas
a uma mesma convocatória e organização desta jornada. A aliança das classes
trabalhadoras contra o capital e a luta popular contra o imperialismo e todos
os seus lacaios terão de ter neste 1º de Maio, em ampla unidade, uma poderosa
alavanca para as transformações democráticas e revolucionárias que a situação
actual reclama.
São grandes e exigentes as
tarefas que o PCTP/MRPP é chamado a cumprir no presente. Entre essas tarefas
está a preparação das próximas eleições autárquicas do Outono de 2013, nas
quais o Partido irá participar e que deverão constituir um meio de reforço
político e organizativo das nossas fileiras, bem como uma frente de
inquestionável importância na luta dos trabalhadores e do povo contra o poder
que os explora e oprime e por objectivos de progresso e bem-estar.
Esta e as demais tarefas do
Partido devem reforçar-se mutuamente. Em todas elas existe o mesmo fio
condutor. A mobilização de massas que se impõe para o cumprimento de umas é
aquela que permite garantir o êxito das demais. Arregacemos as mangas. A luta e
as massas são o nosso ambiente. Saibamos ser dignos das nossas tradições e das
nossas responsabilidades.
Editorial do Luta Popular